ainda quero..
Apesar da esperança e desejo de que tudo aquilo não tenha se perdido, te vejo tão distante, com um olhar frio, me pego pensando em nós como passado. Sou exagerada sim, já disse tantas vezes, e tão intensa, vivo com tanta vontade e envolvimento que quando vejo um fim como esse, sinto um buraco no peito, uma sensação de vazio, de inacabado, do que poderia ter sido e não foi. Não gosto disso. Surge uma vontade imensa de tomar e fazer acontecer, um certo desespero frente à impotência, à impossibilidade, ao saber que não está nas minhas mãos, que a vida tem dessas coisas, que desencontros acontecem o tempo todo e que pessoas certas também se perdem. Vai entender o porquê... O sentimento: perda, partida, e uma sensação de que não vou mais sentir o calafrio, aquele frio na barriga. Não vou mais ouvir sua voz, não vou mais olhar bem dentro dos seus olhos. Não vou mais me perder dentro de você, de sua imensidão.
Tento e até finjo, disfarço bem, mas na verdade não aceito esse desfecho, ou essa falta de um. Você vai, mas te quero. Ainda. Muito. Mais do que antes. Minha intensidade não tem uma chave de on/off, não se regula e não se desfaz com o tempo. Queria não querer, não me envolver. Ser robótica como tantos, mas é absurdo. O sentimento é livre, não me pede permissão. Te olhar é desejar. E por isso hoje tenho medo de te encarar de novo, para que não me sinta implorando por algo que não exista mais em você, mesmo que pedido seja tão verdadeiro. Quero em você a verdade, a vontade, o próprio querer, o anseio, as mãos curiosas como na primeira vez, no tremor do primeiro beijo, que vasculham, que procuram, que buscam, que encontram. Quero você, com seu nome e letras maiúsculas. Com todas as manias e particularidades. Com tudo que te compõe e te faz assim, um enigma que me devora. Te quero dessa forma, inteiro, e não de outro jeito.
Quero sim, embora dependa também de suas escolhas. E se não forem as mesmas, saberei abrir mão da loucura, em nome exclusivamente de minha paz de espírito. Jamais por convenções e regras de outrem. Só sei amar assim. "Não sei voar com os pés do chão", como disse Lispector.
Não quero mais voar sozinha. Vem comigo? Jr


0 comentários:
Postar um comentário